Bons tempos

Você já ouviu alguém dizer que sente saudades de tempos ruins? Antes de responder é bom parar e pensar por um minuto. O bom e o ruim são relativos. Dependem da situação em que se vive no momento. Um casamento ruim pode parecer bom se você não está se dando tão bem com a sua solidão ou com você mesma. Aquele emprego chato, com o chefe irritante e o salário baixo pode parecer um sonho quando você está desempregado. O seu carro caindo aos pedaços seria muito bem vindo quando você está na rua, no meio do temporal, esperando o ônibus passar, e assim por diante.

Os momentos em nossa vida são o que são de acordo com as referências que temos quando nos lembramos deles. Todas as fases tem bons e maus momentos. E temos a tendência de pensar mais ou menos no passado também de acordo com o presente. Se a vida está muito agitada, tendemos a achar que quando não fazíamos nada era muito melhor, etc. Até aqui, nada de novo. O que me questiono é: estou vivendo um momento mágico na minha vida, mas por que me pego lembrando do passado?

E, por “coincidência”, ouvi e li a mesma frase duas vezes no mesmo dia, em situações completamente diferentes. Uma, em um programa de TV sobre gravidez na adolescência e outra, num post de um amigo no Facebook. “O passado é história, o futuro é mistério e o presente é uma dádiva, por isso se chama presente”.Não faço idéia de quem disse isso, mas gostei.**

O fato é que, desde que nascemos, sentimos saudades de alguma coisa. Os bebês sentem falta da mãe, as crianças sentem falta dos brinquedos, de casa, dos avós, de tudo aquilo que não está ao seu alcance no momento. Crescemos e passamos a sentir falta dos amigos da outra escola, dos colegas de faculdade, do carinho dos pais, dos filhos quando eram pequenos e, por fim, da nossa juventude. O olhar para trás parece ser um exercício interminável, uma sensação de perda que nos acompanha desde o nascimento. Os pessimistas dizem que cada dia que vivemos é um dia a menos de vida, outros, que é um dia a mais para se recordar.

Só não tem nostalgia aquele que não teve bons momentos na vida. E agora vem a dura realidade. Estes momentos não voltam mais. Nada volta do passado como era antes. E esta é a grande chave da felicidade. Saber virar as páginas do livro em busca das novas aventuras. Escrevermos as páginas seguintes até quando o livro acabar.

Somos o que somos graças às experiências que tivemos em nossas vidas e seremos o reflexo daquilo que fazemos hoje. Não perca muito tempo olhando para trás pois o que você é hoje é fruto do seu passado. Olhe para frente e veja quanto ainda tem a percorrer, a viver, a escrever! Faça algo por você hoje para ter sempre bons tempos a recordar.

**meu grande amigo, Valter Bernat, me informou que a frase foi dita por Deepak Chopra, um médico indiano, que vive nos EUA e é autor de mais de 25 livros de auto-ajuda. Obrigada, Valter!!